O arquiteto Carrilho da Graça desenvolveu o primeiro auditório inteiramente adaptado à covid-19 ecumprindo as novas regras de segurança. A programação de verão do Centro Cultural de Belém que começa esta quarta-feira, vai decorrer no exterior, com espetáculos, cinema e outras atividades.
É um dos primeiros projetos de sala de espetáculos a nascer na era da pandemia covid-19. O novo auditório exterior do Centro Cultural de Belém (CCB), em Lisboa, foi desenhado pelo arquiteto João Luís Carrilho da Graça e segue as novas regras de segurança e distanciamento impostas pelo tempo pandémico que vivemos. Em entrevista à Renascença, o arquiteto que venceu o Prémio Pessoa 2008 fala do “desafio principal” que foi cumprir essas regras.
“Há sempre dois metros entre as pessoas que estão a assistir. Mas pela forma de anfiteatro como se organiza, há uma certa individualização dos lugares, normalmente aos pares”, explica Carrilho da Graça a partir do seu atelier.
Segundo o arquiteto, quem se sentar nos blocos de cortiça com que é feito este auditório vai experimentar, “ao mesmo tempo, um sentido coletivo dentro daquela praça”.
Em tempos de distanciamento social e isolamento, a cultura ganhou outros contornos, no entanto, “esse sentido de conjunto é sempre importante para qualquer espetáculo a que se assiste”, refere Carrilho da Graça, que conclui: “é o facto de não estarmos sozinhos, de vermos o palco e o conjunto das outras pessoas que aplaudem e reagem”.
Carrilho da Graça confessa que estes tempos de confinamento lhe têm sido “difíceis” por sentir falta do trabalho de equipa. E abraçou este desafio do CCB com muito agrado. Nesta entrevista explica que sempre gostou de “fazer coisas efémeras”.
O auditório tem um “palco muito generoso”, descreve o programador do CCB, Delfim Sardo. Tem “12 metros por 12” e uma plateia para quase 400 pessoas.